segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A escolha do parto

         
            A minha filha nasceu no dia 07/06/2015 de parto cesárea. Antes que todos pensem que foi opção da médica, já vou dizendo: não foi! A minha médica  tem mais de 40 anos de  experiência, em hospitais públicos e é a favor do parto normal, cesariana para ela só em último caso como foi o meu. 
            Eu tenho plaquetopenia que é uma diminuição das plaquetas que participam na coagulação, ou seja, quando eu me corto eu levo o triplo de tempo que uma pessoa normal levaria para estancar o sangramento. Com essa condição, um parto normal seria inviável para mim.
            Para que a minha filha viesse ao mundo eu precisaria de bolsas de sangue (O-) e de plaquetas disponíveis no caso de uma emergência. A bolsa de sangue era mais fácil de conseguir bastava solicitar ao próprio hospital, o problema eram as plaquetas. As plaquetas não podem ser guardadas como o sangue, elas duram no máximo cinco dias. Então eu precisava ter um doador compatível, não é qualquer pessoa que pode doar.
Os pré-requisitos para a doação de plaquetas são inúmeros, da minha família apenas meu marido e meu irmão se encaixavam. Depois de entrevistas e exames descobrimos que meu irmão também tem plaquetopenia, apenas o meu marido seria o doador. A doação foi feita e as bolsas de sangue separadas, era só colocar a Gabriella no mundo. Só?!
            Se engana quem diz que o parto cesárea é a opção mais fácil. Sinceramente acho que nem para o médico, pois é uma responsabilidade enorme. Para mim, foi uma opção dolorida. Eu senti dor antes, a primeira anestesia doeu, eu tremia de frio, eu chorava de nervoso e de dor. Eu senti dor durante, eu senti minha filha sendo puxada de dentro de mim. A Gabriella estava tão grudada no meu tórax que foi preciso que três pessoas subissem em cima de mim para puxa - lá. Eu senti dor depois, todos os movimentos que eu fazia fosse para tossir dava a sensação que estava arrebentando os pontos. Além disso, eu tive reação a anestesia, vomitei a bílis da hora que cheguei ao quarto até o dia seguinte na hora do almoço, vomitava tudo inclusive água. E meu marido foi um anjo, ficava segurando a bacia para eu vomitar, num determinado momento segurou a Gabriella com uma mão e a bacia com a outra. Também tive coceira no nariz. Meu nariz ficou vermelho em carne viva de tanto que eu cocei. E ainda dizem que a escolha pela cesariana é mais cômoda...

            Mas tudo isso foi muito pequeno quando finalmente eu peguei a minha filha. Quando eu olhei a Gabriella pela primeira vez eu esqueci te tudo que aconteceu. Dor? Que dor? Eu era só felicidade ao ver minha pituquinha linda, perfeita e com saúde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário